Abril chegou tingido de azul para nos lembrar da importância de falar sobre o Transtorno do Espectro Autista (TEA) com empatia, informação e compromisso com a inclusão. O Abril Azul, campanha nacional de conscientização sobre o autismo, é mais do que uma data simbólica — é um convite para transformar realidades, principalmente quando olhamos para o papel da saúde e das empresas nesse cenário.
O que é o Transtorno do Espectro Autista?
O TEA é uma condição do neurodesenvolvimento que afeta a comunicação, a interação social e o comportamento. Mas é essencial lembrar: cada pessoa autista é única, com suas próprias habilidades, desafios e formas de expressão. Com o suporte adequado — médico, terapêutico, educacional e social — é possível garantir qualidade de vida e autonomia.
Segundo o CDC (Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos EUA), 1 em cada 36 crianças está no espectro autista. No Brasil, estima-se que cerca de 2 milhões de pessoas tenham TEA. O diagnóstico ainda é mais comum em meninos, e quanto mais precoce for a identificação, maiores são as chances de intervenções eficazes e desenvolvimento pleno.
Saúde suplementar e o acesso ao cuidado especializado:
No contexto da saúde suplementar, o atendimento às pessoas com TEA é um direito garantido. A Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) estabelece que os planos de saúde devem cobrir integralmente os procedimentos listados no Rol de Procedimentos e Eventos em Saúde, incluindo terapias como:
Psicoterapia (individual e em grupo);
Terapia ocupacional; • Fonoaudiologia;
Psicopedagogia (quando indicada).
Desde 2022, a ANS reforçou a obrigatoriedade de cobertura ilimitada dessas terapias, desde que estejam indicadas por profissional habilitado e previstas no plano. Essa medida foi um marco importante para famílias que antes enfrentavam limitações e negativas de cobertura.
Empresas que oferecem planos de saúde corporativos devem estar atentas a essas diretrizes para garantir um benefício que atenda verdadeiramente às necessidades dos colaboradores e seus dependentes.
Quebrando mitos e promovendo empatia
Apesar dos avanços na conscientização, ainda existem muitos mitos sobre o autismo. Nem todas as pessoas autistas têm altas habilidades, e muitas se comunicam por formas alternativas, como gestos, escrita ou tecnologias assistivas. A inclusão, por exemplo, não atrapalha o aprendizado de outras crianças — ao contrário, promove empatia, respeito e senso de comunidade.
No ambiente de trabalho, a inclusão de pessoas com TEA ainda é um desafio, mas pequenas adaptações na comunicação, na rotina e no espaço físico podem abrir portas para talentos que muitas vezes ficam invisíveis.
A legislação garante, mas a prática precisa acompanhar
A Lei no 12.764/2012 (Política Nacional de Proteção dos Direitos da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista) assegura direitos como:
- Acesso à educação inclusiva;
- Atendimento multiprofissional no SUS e saúde suplementar;
- Atendimento prioritário;
- Benefícios sociais.
No entanto, para que esses direitos se transformem em realidade, é fundamental o envolvimento de todos: profissionais de saúde, educadores, empresas e a sociedade em geral.
E o RH com isso?
RHs e gestores têm um papel estratégico: repensar os benefícios, promover ações de sensibilização e construir ambientes de trabalho mais inclusivos. Quando uma empresa escolhe acolher a diversidade, ela amplia sua capacidade de inovação, fortalece a cultura organizacional e cumpre um papel social essencial.
Abril Azul é um chamado para ação
Mais do que falar sobre autismo em abril, precisamos ouvir, aprender e agir o ano todo. Promover a inclusão vai além de garantir direitos — é sobre compreender, respeitar e valorizar as diferenças.
Que esse mês traga mais diálogo, mais informação e, principalmente, mais respeito.